terça-feira, 22 de março de 2011

Diferenças!

Não me recordo exatamente quando comecei a ter dúvidas em relação aos outros, ou melhor, das coisas, atitudes, relações e personalidades dos outros. Acredito que um grande problema que a sociedade vem sofrendo é a dificuldade de aceitação. E digo mais, da nossa aceitação, eu comigo e não em relação a outrem.
Quando tinha uns 8 anos decidi cortar o cabelo, o que eu fazia freqüentemente já que minha vizinha era cabeleireira, e ainda o é hoje em dia. Eu queria cortar “channel”, para quem não lembra channel era um cabelo curtinho, um pouco acima da orelha. A cabeleireira, no auge da sua bondade tentou me explicar que meu cabelo não ficaria igual à revista, que se tratava de tipo capilar diferente, mas não adiantou. A palavra diferente sempre soou estranha para mim. E lá fui eu praticamente decapitar minha cabeça (só para constar, eu tinha cabelo comprido).
Eu saí de lá me achando linda, afinal, eu estava de escova no cabelo, e na saída do salão de beleza tudo são flores. Depois do primeiro banho me deparei com uma cabeleira gigante, que não diminuía o volume, e na época não existia chapinha. Aprendi a lição, nunca mais cortei channel.
O difícil era entender porque não funcionou comigo, e funcionava com os outros.
Essa saga segue até hoje, cada um a sua maneira ou a seu corte de cabelo. É tão complexo isso, que não tenho conhecimento para escrever, mas não estou falando da parte psicológica, e sim do que sentimos, mas sem análises ou tabus, estou falando do concreto, daquela realidade verdadeira que nos torna de carne e osso.
Hoje em dia, o “diferente” são outras situações, nem perto do corte channel, pois esse eu já estou vacinada. Atualmente eu estou farta de conselhos que eu poderia escrever um livro, mas que na prática não valem nada pra mim, aliás, serei menos rude: na prática não funcionam comigo.
Assim como eu inúmeras pessoas tem dificuldade nas técnicas de vida, seja em relação à educação, trabalho, relacionamento dentre outras. Dá nos nervos quando uma pessoa fala com a maior tranqüilidade que atingiu tal objetivo realizando tal e tal tarefa, e ainda por cima te olha com uma cara de banana e diz: basta você fazer assim. Caramba será que é tão difícil entender que cada pessoa é uma? Acho que é mesmo, senão não existiriam tantas técnicas e teorias para tantas coisas.
A técnica mais engraçada é quando a pessoa chega a insistir, te entregar um cartão de x profissional ou anotar os passos da teoria, sendo que você já havia dito: não precisa! Mas não adianta, a pessoa, na sua ingenuidade e bondade quer apenas ajudar. Mas, ajudar como?
O ato de ajudar é muito subjetivo e está atrelado a inúmeras outras coisas. Eu sei que coisas é meio clichê, mas todo mundo utiliza a expressão coisas para elencar “coisas” que não sabemos, então fica a coisa aí na frase.
Voltando à ajuda, ô coisa complicada essa. Seres humanos são complexos, dotados de um sistema psicológico mais complexo ainda, que se constitui quando ainda somos pequenos e nos acompanha pro resto de nossas vidas, até que aparece a terapia.
Bom daqueles que se metem na terapia, alguns conseguem bons resultados, outros saem correndo, é normal. Mas o melhor da terapia é essa “coisa” de entender que não somos iguais e sendo assim, nem sempre uma coisa funciona pra você.
Mas não é tão simples assim né? Seguido me pego pensando porque isso não deu certo comigo, e com o fulano deu. Porque fulano tem esse comportamento e é ovacionado enquanto ciclano pisa na bola uma única vez e é enviado pra fogueira? É complexo demais. É como se existisse um percentual de sorte e outro de destino.
Ok, confesso que sou espiritualista e acredito a lot que nada acontece por acaso, mas em destino aí já não assino embaixo.
Independente do que seja de fato, aprendi que o importante é aceitar essa diferença e buscar o que funciona com você.
Sei que é totalmente clichê dizer busque sua felicidade, ou o importante é ser feliz, mas é tão verdadeiro que chega ser idiota. Estou aprendendo que comigo certas coisas funcionam de uma maneira, e já com pessoas próximas as coisas são totalmente contrárias. Aí que está o x da questão: Te faz feliz? Te completa? Funciona com você? Vá em frente meu amigo. A vida é muita curta pra nos basearmos na técnica dos outros e sofrermos diante de inúmeras tentativas frustradas.
Tente, e tente novamente se necessário. Busque outro caminho, outra via e sempre que possível crie a sua própria técnica. Não estou levantando uma bandeira de individualismo e independência, nada disso! Estou sugerindo uma conexão de você com você mesmo.
Vamos pensar juntos: Quem está com você desde que você nasceu? Que dorme e acorda com você todos os dias? Que sente e lembra tudo que você já vivenciou? É você, vocêzinho da silva!
Assim sendo, fica mais fácil aceitar que podemos criar as nossas próprias técnicas baseado no que sentimos, no que vivemos.
Por exemplo: Milhares de pessoas tentam emagrecer, e eu me incluo nesta estatística. Bom, primeiro passo: Se as dietas não funcionam e o problema não é orgânico procure entender o que não está funcionando (procure terapia se você achar que pode ser algo psicológico) e tente novas técnicas. Muitas pessoas dizem que o segredo é comer só pasto e fazer muito exercício físico, se isso deu certo pra você, parabéns! Sinta-se privilegiado. O problema é que a maioria das pessoas não se encaixa em uma dieta tabelada, ou seja, o problema não está no que se pode comer, e sim no que não se pode.
Não estou aqui dizendo que tem segredo, lembre-se minhas palavras acima: procure sua própria técnica, conecte-se com você mesmo e tente entender as coisas subjetivas que existem dentro de você.
Outra coisa cabeluda é relacionamentos. De todos os tipos e jeitos. É difícil aceitar que as pessoas não sentem como você, não demonstram como você e principalmente que não leem seus pensamentos (já perdi a conta de quantas vezes ouvi: não tenho bola de cristal). Mais difícil ainda é tentar expressar algo e ser compreendido de forma contrária. Ô coisa chata relações de trabalho. Aprendi que você não tem que falar o que pensa, ou como pensa. Para agradar um colega de trabalho, por exemplo, você tem que falar o que ele quer e como ele quer ouvir. Aí que reside um grande problema nas relações humanas, já que (EURÉCA) nós não temos bola de cristal e ainda não lemos mentes para entender o que de fato os outros precisam.
Se nos focarmos nas nossas teorias e técnicas as coisas vão melhorar, a passos de formiga, mas creio que vão.
Às vezes me sentia uma juíza, com um chicote longo na mão, julgando os outros pelos seus comportamentos, caras, bocas e decisões. Atualmente me sinto mais compreensiva em relação ao próximo, mas não porque entrei em X igreja ou algo do gênero, simplesmente porque estou conseguindo entender e aceitar que pessoas são diferentes.
E digo mais, todas as pessoas são diferentes. Não há no mundo uma pessoa igual à outra, e não apenas pela parte genética, mas porque cada um tem uma alma.
Basta ver dois irmãos criados da mesma maneira, pelos mesmos pais e que são água e vinho. Eu e meu irmão somos opostos na maioria dos sentidos, e hoje entendo e aceito que simplesmente somos diferentes. Que técnicas e opções de vida que fazem dele uma pessoa feliz não servem pra mim, e que as que optei são incompatíveis com os desejos e sonhos dele.
Parece simples né? Mas nada tem de simplicidade neste assunto. Relacionar-se é um desafio, dia após dia, relação à relação, palavra à palavra. Importante lembrar que cada pessoa abriga suas mazelas, seus medos, seus desejos e seus sonhos. E que às vezes, mesmo inconscientemente nossa expressão afronta esses buracos internos de cada um, ou porque desmotiva ou porque não condiz com o pensamento do outro.
Neste momento, é importante termos a consciência do respeito. Que sim, para você sonhar, desejar e buscar seus objetivos tem um sentido, um jeito, uma maneira, e que para outro pode ser totalmente diferente, e na maioria das vezes de fato o é.
Quando me dizem que devo fazer isso ou aquilo para alcançar aquele outro eu penso, penso e depois paro de pensar. Decidi que conselhos são bons, afinal não há porque sermos orgulhosos, exemplos e vivências sempre somam na nossa vida, mas que a pessoa que me aconselhou é diferente, pensa diferente e sente diferente.
Ok, estou ficando chata falando tanto em diferenças, mas essa é grande mazela do mundo, certo? A mola propulsora de guerras, massacres e desentendimentos. Diferenças sempre existirão, e o mundo deixaria de ser mundo se elas não existissem. Mas aceitar essas diferenças é tão difícil assim que precisamos brigar por nosso ponto de vista, por nosso ideal?
Guerras Santas já mancharam de sangue a trajetória dos seres humanos no mundo, e tantas outras guerras que eram baseadas unicamente na impossibilidade de aceitar a diferença. A diferença de opinião política, de religião, de objetivo e de tantas outras opções que temos ao longo de nossas vidas.
Basta verificar nossas atitudes quando bem pequenos, quando arregalávamos os olhos para o vizinho que possuía alguma coisa diferente, seja uma deficiência, uma manchinha na face ou qualquer outra coisa que o tornasse diferente. Bastava isso para colocarmos um apelido e massacrarmos a infância da pobre criatura.
A partir do momento que aceitarmos que sim, somos diferentes, pensamos e sentimentos de forma diferente, ficará mais fácil olhar para o lado e entender que se para fulano x coisa faz bem, que bom! Muito bom, meio caminho andado!
A chave de tudo está no respeito e compreensão. Diferenças sempre existirão e  ainda bem que sim, afinal ninguém gosta de pares de vasos por aí, certo? Aceite e respeite!
Para concluir, vou aplicar uma campanha antiga, mas que precisa ser muito aplicada ainda: RESPEITO, PASSE ADIANTE!

Um comentário:

  1. Genial! Parabens pelo texto! Tudo isso se resumi mesmo em uma única palavra "Respeito" acredito q se todos levasem mais a sério esta palavra muitos problemas seriam superados e teriamos um mundo melhor. ;)

    ResponderExcluir